“É Desse Jeito?” — Aracaju Afunda no Lixo e no Abandono

Enquanto a prefeita foca nas redes sociais, a cidade sofre com entulhos, descaso e promessas não cumpridas.

Por: Emanuel Rocha

O ano de 2025 não tem sido nada fácil para quem vive em Aracaju. O cenário de ruas tomadas por lixo, entulhos e restos de construção virou rotina em diversas áreas da capital sergipana. A coleta irregular tem causado transtornos e gerado preocupação com a saúde pública, especialmente em tempos de chuva, quando o acúmulo de resíduos contribui para alagamentos e proliferação de insetos.

Além da ausência de uma coleta eficiente, falta fiscalização quanto ao descarte inadequado de entulhos em calçadas e terrenos baldios. A negligência com o serviço básico de limpeza urbana escancara uma gestão que, até o momento, não apresentou soluções eficazes para os bairros mais afastados do centro e agora nem mesmo para os bairros nobres.

Enquanto isso, a prefeita mantém uma presença ativa nas redes sociais, com postagens diárias, vídeos e interações constantes com seus seguidores. Essa postura tem gerado críticas quanto à prioridade dada à própria imagem em detrimento das ações práticas.

É importante lembrar que todos os cidadãos pagam impostos — e não são baixos. A população de Aracaju tem o direito de receber serviços públicos de qualidade, independentemente da localização. E mesmos bairros considerados mais valorizados já começam a sentir o reflexo do abandono: o lixo também toma conta de várias áreas da cidade, chegando inclusive à Orla de Atalaia, cartão-postal da capital, que hoje convive com sujeira, entulho e má conservação.

Além do mais, durante a campanha eleitoral, a prefeita afirmou que sua gestão seria diferente, mais próxima do povo e atenta às comunidades. Usava como slogan a frase “É desse jeito”. Mas, passados os primeiros meses de mandato, o que a população tem visto é o contrário: promessas que ficaram no discurso e uma diferença — sim — mas para pior. A confiança depositada nas urnas está se transformando em frustração e revolta diante do abandono visível nas ruas.

E aos vereadores que visitaram Aracaju durante a campanha, especialmente nas comunidades e bairros populares, fica o questionamento: cadê vocês agora? O povo não serve apenas para garantir voto de quatro em quatro anos. A cidade continua esquecida, e a maioria dos parlamentares parece ter sumido com o fim da campanha. O que estão fazendo de concreto para resolver esse problema? A população exige mais presença, mais cobrança e mais compromisso. Visitar as comunidades só em época de eleição é desrespeitoso e vergonhoso.

A política não pode se resumir a curtidas, vídeos bem produzidos e frases de efeito. Governar é enfrentar os problemas de verdade, com seriedade e responsabilidade. Aracaju não precisa de marketing — precisa de limpeza, dignidade e ação imediata. E a pergunta que ecoa entre os cidadãos é direta: “É desse jeito” que a prefeita pretende seguir até o fim do mandato?

*Emanuel Rocha, é historiador, autor do livro de fotografias Bacias Histerográficas de Sergipe, coautor do Livro Bairro América: A saga de uma comunidade, é Repórter fotográfico e poeta popular.

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