A DESO foi comprada pela Iguá Saneamento, uma empresa de capital estrangeiro. Ela é controlada pelo Canada Pension Plan Investment (CPPIB), uma gestora privada de ativos, responsável por administrar 465 bilhões de dólares (2,325 trilhões de reais), do Plano de Pensão do Canadá. Essa quantia é o equivalente a 37 vezes o PIB do estado de Sergipe.
A compra da DESO é uma operação típica do imperialismo moderno, no qual grandes fundos de investimento de países ricos compram ativos essenciais em países dependentes, para lucrar com bens que são fundamentais para a vida das pessoas, como a água. Obviamente, o objetivo desses fundos não é garantir o bem-estar social, mas maximizar o retorno para seus acionistas.
Além disso, quando uma empresa estrangeira ganha dinheiro com a água e o saneamento no Brasil, grande parte desse lucro não fica aqui. Ele é enviado para o país de origem dos investidores. Ou seja, o dinheiro que vinha sendo reinvestido para melhorar o sistema de saneamento e o acesso à água de Sergipe acabará saindo daqui, fortalecendo economias estrangeiras, e não a nossa.
Atualmente, apenas três grandes empresas já conseguiram controlar metade da distribuição de água e saneamento básico no Brasil. São elas a própria Iguá Saneamento, a também canadense BRK Ambiental e a Aegea Saneamento, que tem o Banco Mundial como um dos seus principais acionistas estrangeiros. Elas se beneficiaram das facilidades para privatização da água aprovadas pelo governo Bolsonaro, o chamado “Marco do Saneamento” (Lei 14.026/20). O monopólio dessas empresas, eliminando a concorrência das estatais brasileiras, permite a demissão de trabalhadores e a elevação dos preços.
Seixas Dória, governador de Sergipe que não se curvou diante do golpe de 1964 e que, por isso, foi preso pela ditadura militar, ficou conhecido como aquele que criou a DESO. Que todos saibam e ninguém esqueça que foi o governador Fábio Mitidieri quem entregou esse patrimônio do povo sergipano para as mãos de capitalistas estrangeiros.
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